As crianças do Malvado Favorito

Os Minions, criaturas amarelas de meia altura com olhos grandes e uniformes azuis, foram apresentados ao mundo na animação Meu Malvado Favorito (2010). A partir daí, o público adotou esses seres como uma espécie de mascote da franquia que conta agora com quatro filmes.

Apesar do nome, o Malvado Favorito em questão, Gru, passa por uma transformação ao longo dos filmes. Eventualmente, o vilão se transforma em um herói, utilizando a sua experiência como um vilão para combater outros vilões.

Entretanto, são os minions que roubam a cena. Eles são ingênuos, divertidos, adoram bananas e trabalham para quem estiver disposto a pagar o bastante. Na verdade, foi em torno deles que a franquia se desenvolveu. E eles conseguiram ganhar os nossos corações mesmo sendo minions (pequenas ajudantes de um vilão).

Através dos minions surgiu o spin-off Minions (2015). O filme foi uma espécie de prequela para a franquia, mostrando a busca dos minions para encontrar seu futuro líder, após ficarem órfãos com a morte de seu anterior.

A aventura se passa na década de 1960 e foi repleta de referências da época, incluindo moda e música. As crianças adoraram o filme, como adoram todos os filmes da franquia. No entanto, isso suscita uma questão importante: o que essas animações estão ensinando às nossas crianças?

Moralidade em questão

Até que ponto é saudável apresentar um vilão como um herói em uma produção destinada para crianças? Ainda mais quando essa moralidade é representada de forma tão simplista?

Nas animações do Malvado Favorito, o bem e o mal são bastante marcados, com vilões que querem o bem somente para si, enquanto os heróis buscam fazer o bem por todos. A questão é: o que a nossa definição de bom e mau tem a ver com isso?

Se pensarmos em figurações desses conceitos em outras produções animadas, vamos encontrar um grande número de controvérsias. Por exemplo, em A Pequena Sereia, Ariel faz um acordo com a bruxa Ursula para realizar o seu sonho de se tornar humana, mas o preço a ser pago é nada menos que a sua voz.

Então, podemos perguntar: até que ponto um personagem que faz algo errado pode ser considerado um herói? Visto que, em Meu Malvado Favorito, é Gru quem planeja um roubo para recuperar um objeto. E em Minions, os ajudantes seguem na estrada e encontram grandes vilões que não querem o bem de ninguém.

Influência na infância

A influência dessas animações na infância é a principal preocupação de pais e educadores. As crianças são ensinadas por personagens que nem sempre são bons e nem sempre fazem a coisa certa.

Mas, o que pode ser concluído é que os personagens não devem representar o bem ou o mal de forma absoluta. Eles devem mostrar que as coisas não são tão preto e branco quanto parecem, e que uma pessoa pode não ser tão ruim assim.

O papel dessas animações é justamente mostrar às crianças que a bondade nem sempre é fácil, que o vilão nem sempre é o verdadeiro vilão, e que a maldade não deve ser a primeira opção de escolha. Afinal, nem sempre um herói nasce assim, mas se torna um através de suas escolhas e valores.

Conclusão

As crianças do Malvado Favorito são ensinadas a olhar as coisas de forma mais completa. Os personagens da animação não se encaixam em estereótipos absolutos e podem ensinar o desenvolvimento de caráter, bondade e moralidade.

É importante para as crianças entenderem que nada é simples e que, às vezes, o que parece ser mau ou bom não é exatamente o que é visto. O papel das animações é ensinar às crianças a tomar suas próprias decisões e a ver além do que é imediatamente apresentado.

Por isso, é importante que os pais acompanhem a educação de seus filhos e saibam quais animações fazem parte da vida deles. As crianças podem aprender muito com personagens como os minions, mas é preciso sempre avaliar o que está sendo ensinado e como isso pode afetar seu desenvolvimento.